Nesta quarta-feira (07/08), o embaixador chinês no Brasil, Zhu Qingqiao, afirmou em entrevista à imprensa de Hong Kong, South China Morning, que o Brasil e a China não deveriam estar satisfeitos com o atual nível de cooperação entre ambos e que a adesão do Brasil as Novas Rotas da Seda (BRI) é uma medida fundamental para promover uma maior parceria entre Brasil-China.
Zhu Qingqiao disse que a adesão do Brasil no (BRI) será uma manifestação estável do relacionamento cooperativo de longo prazo entre os dois países e também trará benefícios mútuos, nas áreas mais estratégicas, promoverá o desenvolvimento sustentável e a maior sinergia entre as necessidades de desenvolvimento brasileiro e áreas de interesses da China.
O governo brasileiro não declarou oficialmente sua entrada nas Novas Rotas da Seda, entretanto, o Brasil está se integrando ao (BRI) de forma tácita ou à brasileira. Entenda os porquês e de que forma isso está se dando aqui: “Brasil entra nas Novas Rotas da Seda (BRI) à brasileira”.
O embaixador chines lotado no Brasil acrescentou que “acreditamos que a iniciativa ‘Um Cinturão e Uma Rota (BRI’ é altamente consistente com as estratégias de desenvolvimento do governo Lula, como a reindustrialização, a rota de integração sul-americana e com o Programa de aceleração do Crescimento” (PAC), disse Zhu Qingqiao.
Em 5 de agosto, durante o evento do Comitê de Empreendedores Brasil-China em São Paulo, onde esteve presente Zhu Qingqiao e Eduardo Paes Saboia, secretário de Assuntos Ásia-Pacífico do Itamaraty, esse em enfatizou que o volume comercial entre o Brasil e a China é enorme. Em 2023, o superávit comercial do Brasil com a China atingiu um nível recorde de 51,1 bilhões de dólares.
Saboia disse que as atuais exportações do Brasil para a China são principalmente soja e minerais, devendo ser feitos esforços para diversificar os tipos de produtos de exportação no futuro. Ele também pediu à China que invista em “cadeias estratégicas” que “promovam a participação do Brasil em áreas de maior valor agregado e que China e Brasil devem explorar áreas complementares nas quais o Brasil está interessado”.
Em 19 de julho, durante o evento no Banco Nacional de Desenvolvimento, o presidente Lula anunciou investimento na reforma de rodovia que liga o Rio de Janeiro ao Porto de Santos e declarou pela primeira vez que o governo está formulando uma proposta para aderir às Novas Rotas da Seda (BRI) de forma oficial.
Apenas 3 países na América do Sul ainda não integram oficialmente o (BRI), Brasil, Colômbia – que é um enclave da OTAN na região – e o Paraguai. O Brasil foi convidado por diversas vezes a participar do BRI, mas o Itamaraty segue uma política reticente com receio dos EUA.
Antes da recente e primeira declaração do Presidente Lula, os Estados Unidos já haviam expressado seguidamente suas “preocupações” com a adesão do Brasil ao BRI. Como demonstração de força, enviou para a América do Sul o Porta-aviões, USS George Washington, aportando-o no meio da Baía de Guanabara no Brasil. (É forma “moderna” similar ao envio das canhoneiras obrigando o Japão a abrir seus portos aos EUA em 1856, mas desta vez sem disparos).
Em maio deste ano, a Generala Richardson, comandante do Comando Sul dos EUA, “alertou” o Brasil para “prestar atenção às condições adicionais” e ainda enfatizou que os países participantes são “privados de sua soberania” devido à sua incapacidade de reembolsar empréstimos feitos pela China. Há anos os EUA e a imprensa americana tentam convencer países pelo mundo todo que a China usa de empréstimos para subjugar países como faz o FMI. Entretanto, isso não se demonstrou verdadeiro em lugar algum. Em 2022, no Fórum de Cooperação China-África, o Ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, anunciou o perdão de 23 dívidas de 17 países africanos com a China.
Perguntado pela mídia de Hong Kong sobre a afirmação da Generala Richardson, Zhu Qingqiao disse que “isto é uma mentira descarada”, ela ignora fatos básicos e mantém uma mentalidade de Guerra Fria, segue a lógica de hegemonia e tentou enganar o público, manchar a imagem da China e alienar a amizade e cooperação China-Brasil. Enfatizou que a BRI defende consultas amplas, construção conjunta, benefícios compartilhados, promove a conectividade e busca uma cooperação ganha-ganha e que forçar os países a escolher entre a China e os Estados Unidos interferem diretamente na soberania dos países e a diplomacia da China espera ansiosamente resistir a tais “medidas irracionais”.
“Conheço muito bem a história dos países latino-americanos.” e “eles sofreram muito [com a interferência dos EUA]”, disse: Qingqiao ao fim da entrevista