Na terça-feira começou a XVI Cúpula do BRICS em Kazan, Rússia, com duração de três dias, reunindo autoridades de 36 países e líderes de seis organizações internacionais. A cúpula de 2024 é considerada a mais importante já realizada pela organização até hoje, devido a definições que estruturarão a expansão do BRICS e a criação de um sistema de pagamento de comércio contornando o Swift. Espera-se chegar a termos o fortalecimento do multilateralismo, a integração de novos membros do bloco e o enfrentamento dos desafios regionais.
As reuniões bilaterais entre os diversos Chefes de Estados são os momentos cruciais e de maior relevância da Cúpula. Como o Presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, não foi pessoalmente ao encontro, segundo nota oficial, por ter caído no banheiro, o Brasil desperdiça a oportunidade de realizar acordos vantajosos ao país.
No primeiro dia da XVI Cúpula do BRICS, o presidente russo Vladimir Putin, que preside a Cúpula, teve conversas bilaterais com líderes da Índia, China, África do Sul, Egito, Brasil (por videoconferência) e se encontrará com seus homólogos da Turquia e do Irã no último dia da cúpula.
Encontro com Dilma Rousseff e o Novo Banco de Desenvolvimento
Putin se reuniu com Dilma Rousseff, presidente do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB) do BRICS, Putin elogiou sua liderança na instituição e pelo impulso de financiamentos em cerca de 100 projetos, totalizando US$33 bilhões desde sua criação.
Putin observou que aumentar as transações em moedas locais reduziria os custos do serviço da dívida, aumentaria a independência financeira dos países do BRICS e reduziria os riscos geopolíticos, enquanto a Dilma Rousseff enfatizou a necessidade urgente de financiamento do Sul Global e a importância de fornecer assistência em moedas nacionais, um princípio seguido pelo NDB.
A Rússia também demonstrou apoio a um novo mandato de Dilma no banco dos BRICS, em 2025 cabe à Rússia escolher a presidência do NDB, mas sinalizou que poderá abrir mão de ter um nome do próprio país para manter Dilma no comando da instituição.
Encontro Rússia e Emirados Árabes
Ontem, antes do início formal da cúpula, Putin recebeu o presidente dos Emirados Árabes Unidos, Mohammed bin Zayed Al Nahyan, no Kremlin, onde reafirmaram a natureza “histórica e estratégica” do relacionamento entre seus países de relacionamento. O presidente Vladimir Putin antes de seu encontro com o primeiro-ministro indiano Narendra Modi na 16ª Cúpula do BRICS em Kazan.
Fortalecimento das relações Rússia-China
Putin reafirmou o sucesso na colaboração entre Moscou e Pequim como um fator estabilizador no cenário global. Segundo Putin, a cooperação multifacetada entre a Rússia e a China é baseada na igualdade e é benéfica mutuamente e livre de oportunismo, servindo como um modelo no mundo de hoje. Ambos os países estão implementando com sucesso projetos conjuntos em energia, indústria, alta tecnologia, transporte e agricultura. Mesmo com os fatores negativos criados pelos EUA e Europa, o volume de negócios comerciais aumentou 4,5 por cento de janeiro a agosto, mantendo sua tendência positiva ascendente. “Pretendemos continuar aprimorando a coordenação em todas as plataformas multilaterais para garantir a segurança global e uma ordem mundial justa”, afirmou Putin.
Encontro Putin e Modi
Outro encontro importante foi entre Putin e o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, confirmando as relações russo-indianas, que representam uma “parceria estratégica particularmente privilegiada” que continua a evoluir ativamente. As discussões entre Putin e Modi se concentraram na cooperação legislativa, no crescimento do comércio e em grandes projetos.
Rússia aproximação e solidariedade com a África do Sul
Putin se encontrou com Cyril Ramaphosa, o presidente da África do Sul, que enfatizou o crescimento do comércio com um aumento de 3% de janeiro a agosto. Putin afirmou a necessidade de se aumentar o trabalho colaborativo para aprimorar e diversificar ainda mais o comércio e os investimentos, particularmente em energia, indústria, agricultura, ciência e inovação.
As duas nações expressaram prontidão para coordenar esforços no cenário internacional para estabelecer uma ordem mundial multipolar justa. Ramaphosa expressou gratidão pelo apoio da Rússia que remonta à luta anti-Apartheid da África do Sul.
Enquanto isso, os demais chefes de Estados realizaram outros encontros bilaterais fora das mesas de reuniões.
Acordo China e Índia pelo fim da disputa na região do Himalaia
Antes do início da Cúpula do BRICS, China e Índia anunciaram que o premiê Narendra Modi e Xi Jinping estarão à mesa no jantar de gala oferecido por Vladimir Putin em Kazan na terça, onde pretendem acordar sobre a região fronteiriça de 3.488 km em disputa entre os dois países desde 1962 e o último embate entre militares ocorreu em 2020. Os EUA tem usado essa disputa fronteiriça para aumentar as tensões entre China e Índia repetidamente.