Por VeritXpress
O representante do Departamento de Estado dos Estados Unidos, Abram Paley – adjunto para o Irã desde março de 2023 – postou em seu twitter, rede X, (18/06) que acabara de retornar do Brasil, onde esteve para pedir que o Brasil faça sanções ao Irã, um dos membros do BRICS.
Just returned from Brazil, where I had constructive meetings with officials on our concerns about the destabilizing activities of Iran and its proxies in the region, sanctions enforcement, CT cooperation, and our shared nonproliferation goals.
— Office of the Special Envoy for Iran (@USEnvoyIran) June 18, 2024
“Acabo de regressar do Brasil, onde tive reuniões construtivas com autoridades sobre as nossas preocupações sobre as atividades desestabilizadoras do Irã e dos seus representantes na região, a aplicação de sanções, a cooperação contra a luta, contra a proliferação (de armas nucleares) e os nossos objetivos comuns de não-proliferação”, escreveu.
O repórter do Brasil 247, Joaquim de Carvalho, perguntou ao Itamaraty se houve realmente a reunião com Abram Paley, quais foram as autoridades brasileiras contactadas e o que, exatamente, foi conversado e se o Brasil pode impor sanções ao Irã.
A resposta recebida pelo repórter do Brasil 247 foi sucinta: “A propósito de sua consulta, informa-se que o Embaixador Carlos Duarte, Secretário de África e Oriente Médio do Ministério das Relações Exteriores do Brasil, recebeu, na última segunda-feira, 17 de junho, o sr. Abram Paley, Enviado Especial dos EUA para o Irã. No encontro, trataram da situação no Oriente Médio”, informou o Itamaraty ao Joaquim de Carvalho.
Nesta sexta-feira (21/06) houve um café da manhã em Brasília entre jornalistas e o embaixador do Irã no Brasil, Abdollah Nekounam Ghadirli. O repórter Joaquim de Carvalho estava no encontro e a relatou.
Sobre a postagem de Paley, Ghadirli disse que os EUA estão fazendo um movimento de “máxima pressão” para prejudicar o seu país e recordou que o Brasil exporta ao Irã, apenas alimentos, carnes e grãos, e não comercializa equipamentos nucleares, portanto, nenhuma sanção se justificaria.
Perguntado sobre a expectativa do governo iraniano a respeito da posição do Brasil em relação à pressão norte-americana, Ghadirli respondeu: “Tem que perguntar para os brasileiros”. O embaixador iraniano disse que as relações entre Brasil e seu país são baseadas na justiça e que o governo brasileiro “sempre foi soberano em suas decisões”.
Segundo Barbosa, presidente do Instituto de Relações Internacionais e Comércio Exterior (Irice): “O Brasil aceita imposição de sanções desde que sejam aprovadas pelo Conselho de Segurança da ONU. Sanções unilaterais, do ponto de vista do Brasil, são ilegais, sejam comerciais, sejam políticas”, O embaixador também falou nesta sexta-feira sobre o comércio bilateral, que triplicou nos últimos anos. “E vai aumentar”, disse. Apesar da pressão dos EUA?, perguntou Joaquim de Carvalho. “Apesar da pressão dos EUA”, respondeu o embaixador.
O jornalista Paulo Miranda, fundador e presidente da TV Comunitária em Brasília, que participou da entrevista com o embaixador, esteve no Irã há alguns anos e disse que, de fato, o país é muito diferente do que a mídia ocidental mostra. “As sanções econômicas contra o Irã não funcionaram, porque o Irã passou a desenvolver todas as suas tecnologias, o avanço na medicina e tudo mais”, explicou Miranda ao Joaquim de Carvalho.
As razões das pressões contra o Irã são outras
A verdade é que toda essa pressão dos EUA ao Brasil, não é especificamente contra o Irã, nem sequer referente a preocupação de que o Irã esteja desenvolvendo armas nucleares, são pressões para que o Brasil se afaste do BRICS e não adira às Novas Rotas da Seda (BRI) e as pressões norte-americanas vão aumentar, podendo até se tornarem uma nova guerra-híbrida, como em 2013, para desestabilizar o Brasil novamente.
Mês passado, quando os EUA enfiou um dos seus maiores porta-aviões nucleares, USS George Washington, na Baía de Guanabara, Rio de Janeiro, que nada mais foi do que uma demonstração de força, a General Laura J. Richardson, Chefe do Comando Sul dos EUA (SOUTHCOM), declarou que o Brasil deveria se afastar da China. Os EUA está perdendo seu controle sobre todo Oriente e Sul Global, e não pode perder o seu quintal, a América Latina, sob pena de perder até mesmo o Ocidente.
Vídeo da General Laura Richardson no Aspen Security Forum, Flórida em 2023, onde Richardson admite que as riquezas da América do Sul devem permanecer sob controle dos EUA:
Comandante dos EUA no Cone Sul, explicou em junho 2022, o interesse deles na LatAm e Amazônia:
Petróleo, Minérios e Aquíferos.
Os EUA promovem mt a pauta🌿👼'Clima, Floresta Sustentável' e tais, mas no longo-prazo e no fundo é sôbre nossas riquezas, e é isso q temos q pescar🎣: pic.twitter.com/MnwbhNHc3I— Gringa Brazilien (@GringaBrazilien) January 5, 2023