Em março, oficiais militares confidenciaram ao Financial Times que os EUA e o Reino Unido sofrem com a falta de informações de inteligência contra os Houthis no Mar Vermelho. A coalizão montada pelos EUA está no escuro quanto às capacidades do arsenal das forças Houthis e seus diversos bombardeios no Iêmen foram inócuos por não ter a localização dos grupos das Forças Armadas iemenitas espalhados pelas montanhas e nem onde estão armazenadas suas armas.
Esse vácuo de inteligência demonstrou a necessidade de uma rede de espionagem confiável. Não por mero sincronismo Starlink anunciou oferecerá seus primeiros serviços de conectividade via satélite do Oeste da Ásia ao Iêmen.
Anúncio da Starlink feito pelo Twitter (X) em 17 de setembro:
Starlink is now available in Yemen! 🛰️🇾🇪❤️ → https://t.co/Ux8iivN1XE pic.twitter.com/mmmu1KvqIz
— Starlink (@Starlink) September 17, 2024
Alguns usuários comentaram recentemente no twitter: “Depois que Israel assassinou os libaneses, as pessoas seriam LOUCAS se usassem a Starlink controlada por Israel”. Outro post escreveu: “Não foi ativado para servir o Iêmen ou o cidadão iemenita!! Em vez disso, foi ativado para servir os sionistas e os americanos para assassinar os líderes dos Houthis, mas vocês falharão, se Deus quiser.. e este serviço será cancelado e não será vendido no Iêmen”.
Uma reportagem da Reuters revelou que a SpaceX assinou contratos secretos com o Departamento de Defesa dos EUA para desenvolver um sistema de satélite espião capaz de detectar ameaças globais em tempo real.
É curioso que entre todos os países da região, a Starlink tenha escolhido o Iêmen, país que as Nações Unidas declararam este ano que “cerca de metade da população do país, ou 18,2 milhões de pessoas, precisa de ajuda humanitária este ano e que está desde 2014 lutando contra uma coalizão de países da região, Arabia Saudita, Emirados Árabes e outros países árabes pró-EUA, cujo gasto de bilhões nos armamentos mais modernos se mostraram ineficazes. Até hoje os EUA e aliados não reconhecem o governo de fato em Sanaã, nomearam um governo fantoche apoiado pela Arábia Saudita em Áden.
Sanaã declarara na ocasião para que a população não usasse a Starlink, a qual já estava tentando se infiltrar no país por contratos informais. Entretanto, os recentes ataques terroristas de Israel com pagers e walkie-talkies explosivos contra a população libanesa, quadruplicou a preocupação.
Além disso, quem aprovou o uso da Starlink foi o “não governo” marionete dos EUA em Áden. O Ministério das Comunicações do em Áden disse que “o lançamento do serviço Starlink ocorreu no âmbito dos esforços para enfrentar os desafios resultantes do conflito”, enquanto Abdul Rahman al-Mahrami, vice-presidente pró-Emirados Árabes Unidos do Conselho de Liderança Presidencial, enfatizou que a Starlink ofereceria conexões seguras diante do conflito em andamento.
O primeiro e mais rápido a comemorar foi a embaixada dos EUA no Iêmen, chamando a medida de uma conquista que poderia abrir novas oportunidades e ainda citou o Chefe de Estado dos EUA, Antony Blinken:
تهانينا لـ #اليمن لكونها أول دولة في الشرق الأوسط تتمتع بإمكانية الوصول الكامل إلى الإنترنت عبر الأقمار الصناعية من #ستارلينك! يوضح هذا الإنجاز كيف يمكن للتكنولوجيا أن تفتح فرصًا جديدة وتدفع عجلة التقدم. كما أكد وزير الخارجية بلينكن سابقا إلى أن التكنولوجيا تعمل على إعادة تشكيل… https://t.co/3L2oRhOC6c
— U.S. Embassy Yemen السفارة الأمريكية لدى اليمن (@USEmbassyYemen) September 18, 2024
“Parabéns ao Iêmen por se tornar o primeiro país no Oriente Médio a ter acesso total à internet via satélite da Starlink. Este marco demonstra como a tecnologia pode abrir novas oportunidades e impulsionar o progresso. Como o Secretário Blinken enfatizou anteriormente, a tecnologia está remodelando a diplomacia e definindo o futuro”.
O governo de Sanaã alertou rapidamente a população que o projeto Starlink representa uma ameaça ao Iêmen e à sua segurança nacional.
Mohammed al-Bukhaiti, um membro do bureau político Ansarallah em Sanaã, criticou a posição da embaixada dos EUA:
“Confirma a relação entre o lançamento do Starlink e a guerra iniciada pelos Estados Unidos no Iêmen, que ameaça expandir o conflito para as órbitas do espaço sideral pela primeira vez na história”.
Um funcionário do Ministério das Comunicações de Sanaa declarou:
“Esse comportamento confirma claramente o desdém dos mercenários [em Áden] pela soberania e independência do Iêmen e sua disposição de prejudicar a segurança e a estabilidade do país em favor de potências estrangeiras, por isso não foi surpresa que a decisão tenha sido bem recebida pelos americanos”.
O Major General Khaled Ghorab, um especialista iemenita em assuntos militares, disse à jornalista Mawadda Iskandar do The Cradle que o momento dessa mudança está ligado às perdas dos EUA resultantes das operações navais do Iêmen no Mar Vermelho. Ele acredita que a implantação de comunicações via satélite é parte de uma estratégia mais ampla para um novo tipo de guerra que combina ações em terra com inteligência baseada em satélite. Ghorab destacou os riscos de segurança inerentes a este projeto, incluindo a violação da soberania do Iêmen e o potencial uso da Starlink no apoio às operações militares dos EUA e da coalizão.
Israel faz parte da Starlink
Mais preocupante ainda é que os satélites israelenses OFEK-13 e OFEK-14, estão ligados à rede de satélites da Starlink. A linha de satélites OFEK são fabricados pela empresa estatal israelense Aerospace Industries (IAI). O pequeno OFEK-13 foi lançado em órbita em março de 2023 e considerado o satélite espião por radar mais avançado do gênero, com capacidades únicas de observação por radar, permitindo a coleta de inteligência em qualquer clima e condições de visibilidade, aprimorando assim a inteligência estratégica”, disse o presidente e CEO da IAI, Boaz Levy, no comunicado à imprensa.
O ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, esteve presente na ocasião do lançamento e declarou:
“O lançamento bem-sucedido do satélite é mais um exemplo importante da inovação pioneira do establishment de defesa israelense. Israel já provou suas diversas capacidades espaciais muitas vezes e é um dos poucos países a possuir tais capacidades — capacidades que continuamos a desenvolver e fortalecer”.
A SpaceX, assim como fez na guerra na Ucrânia, pode fornecer orientação crítica e inteligência, aumentando ainda mais as capacidades de vigilância de Tel Aviv na região. Além disso, os riscos de segurança cibernética são preocupantes, pois a rede pode ser explorada para propósitos militares, incluindo identificação e localização dos celulares de indivíduos, para bombardear áreas inteiras a fim de assassinar lideranças, políticos, diplomatas e inconvenientes, assim como Israel faz no Líbano.
Também representa uma ameaça à seguridade social, pois pode ser usada na guerra-cognitiva, guerra informacional e desestabilização do país. O Dr Youssef al-Hadri, pesquisador de assuntos políticos, falou á Mawadda Iskandar sobre os eventos recentes no Líbano e a guerra eletrônica em andamento envolvendo os EUA e seus aliados. De acordo com Hadri, agências de inteligência que operam em áreas sob o controle do governo de Sanaa enfrentam desafios para detectar a localização de mísseis, drones e locais de fabricação militar.
Essa deficiência se tornou ainda mais evidente depois que uma grande operação de inteligência expôs uma célula de espionagem de longa data no Iêmen, com atividades abrangendo vários setores. Do risco de espionagem ao enfraquecimento de provedores de telecomunicações locais, as implicações das operações da Starlink vão muito além do fornecimento de acesso à internet: elas podem se tornar um veículo de influência e controle estrangeiros, coleta de dados e metadados privados dos cidadãos.
O especialista acredita que o primeiro passo é iniciar uma campanha abrangente na mídia e no governo com o objetivo de conscientizar sobre os perigos representados pela Starlink e segundo, peça a criminalização de qualquer colaboração com a Starlink equiparando-a a atos de espionagem.
Starlink: ameaça à soberania do Brasil por escolha das Forças Armadas Brasileira
Enquanto isso… No Brasil a Starlink foi contratada pelas Forças Armadas Brasileiras, por escolha delas, nem sequer foi preciso toda uma operação, as Forças Armadas Brasileiras contrataram e pagaram a Starlink para serem espionadas.