Na noite de terça-feira, 17/09 (horário de Brasília), Israel perpetrou um ataque terrorista em massa ao explodir simultaneamente mais de 2800 pagers no Líbano e Síria. Ontem foram detonados walkie-talkie, ambos os ataques não foram dirigidos apenas contra o Hezbollah como afirmou a imprensa ocidental, a maioria dos usuários são pessoas comuns das áreas médicas, bombeiros, enfermeiros, socorristas entre outros. Apesar do dispositivo ser considerado obsoleto, pagers são amplamente utilizados no Líbano.
Na terça-feira, Firass Abiad, ministro da Saúde libanês, informou ao menos 12 mortos, incluindo duas crianças, dois profissionais de saúde, além de mais de 2,8 mil feridos. Cerca de 750 feridos no sul, 150 no Vale do Bekaa e 1.850 nos subúrbios ao sul de Beirute.
Pelo menos 200 estão internados em estado grave, mais de 500 pessoas perderam a visão, outras as mãos e muitas feridas no rosto e abdômen. Não foram as baterias dos pagers que explodiram através de ataques hackers, as baterias causariam apenas queimaduras, havia material explosivo implantado em cerca de 5.000 pagers pela Mossad.
O jornalista e analista geopolítico, Pepe Escobar, publicou em seu Telegram que uma de suas fontes russas afirmou a participação direta dos britânicos, numa cooperação entre o MI6 e a MOSSAD:
“Isto é deliciosamente intrigante; vem de uma fonte de inteligência russa muito bem informada. Assim, reza a história que o chefe do MI6, Richard Moore, ordenou aos seus espiões – na Hungria – que colocassem explosivos nos pagers, caso o Hezbollah ficasse ‘fora de controle’. ‘Entre os ingleses T.E. Lawrences’, não havia apenas amigos de Israel, mas também inimigos de Moore. Eles entregaram o código ao Mossad. Assim, ‘sem hesitação, eles neutralizaram todos os agentes de Moore com um só golpe’.
Na verdade, isso pode estar diretamente ligado ao ninho de aranhas britânico. Não há uma prova irrefutável, é claro. O que já está acontecendo é que toda a imprensa britânica afirma histericamente que esta foi apenas uma operação complicada da Mossad – e que o MI6 não está envolvido de todo. ‘É assim que continua a lenda da onipotência do Mossad’, escreveu Pepe Escobar.
Segundo declaração divulgada pela empresa taiwanesa, Gold Apollo, detentora da marca dos pagers AR-924 detonados, esses foram fabricados pela BAC Consulting KFT, uma empresa sediada na capital húngara, Budapeste, autorizada a usar a marca.
O presidente da Gold Apollo, Hsu Ching-Kuang, disse aos jornalistas na quarta-feira que sua empresa assinou o acordo de licenciamento com a BAC há três anos e que a BAC é a empresa que “produz e vende o modelo A-R924” e a Gold Apollo “apenas licencia a marca e não tem qualquer papel na concepção ou fabrico do produto”.
Tudo indica que a BAC Consulting KFT era uma empresa de fachada e foi registrada em maio de 2022 como uma sociedade de responsabilidade limitada, de acordo com registros da empresa revisados pela AP. De acordo com o relatório, a empresa húngara tem 7.840 euros em capital permanente e teve receita de $ 725.768 em 2022 e $ 593.972 em 2023.
Uma mulher não identificada confirmou aos repórteres que o prédio “fornece endereços de sede para várias empresas”. A BAC Consulting está registrada como Cristiana Rosaria Bársony-Arcidiacono, listada como sua proprietária e única funcionária no site da empresa e o prédio fornece endereços de sede para várias empresas”. A Associated Press tentou entrar em contato com Bársony-Arcidiacono por meio da página do LinkedIn e não conseguiu estabelecer uma conexão entre ela ou o BAC e os pagers explosivos.
Nesta quinta-feira, autoridades húngaras afirmaram que os pagers carregados de explosivos “nunca” estiveram no país.
“Autoridades húngaras estabeleceram que a empresa em questão é uma empresa de negociação-intermediária, que não tem nenhuma fábrica ou outro local de operação na Hungria. Ela tem um chefe de operações na Hungria em seu endereço listado e os dispositivos referenciados nunca estiveram na Hungria”, disse o porta-voz do governo Zoltan Kovacs via mídia social.
As remessas do BAC começaram a chegar ao Líbano no verão de 2022 “em pequenos números”, mas a produção aumentou no início deste ano depois que Nasrallah denunciou o uso de smartphones entre suas fileiras.
“Durante o verão, as remessas de pagers para o Líbano aumentaram, com milhares chegando ao país e sendo distribuídos entre oficiais do Hezbollah e seus aliados”, disseram dois oficiais de inteligência dos EUA ao meio de comunicação ocidental.
Enquanto aos walkie-talkies detonados na quarta-feira, o fabricante japonês anunciou hoje que a produção do radio portátil IC-V82 foi descontinuada em outubro de 2014. “[O dispositivo em questão] foi descontinuado há cerca de 10 anos e, desde então, não foi enviado por nossa empresa. A produção das baterias necessárias para operar a unidade principal também foi descontinuada e um selo de holograma para distinguir produtos falsificados não foi anexado, então não é possível confirmar se o produto foi enviado por nossa empresa”, disse a empresa.
Segundo uma fonte da área da segurança entrevistada pelo site libanês Al Mayadeen, implantaram chips específicos e assim que os pagers recebiam uma mensagem via rádio, foi ativado um mecanismo que detonava os dispositivos em questão de segundos. “O material explosivo foi projetado para causar mortes instantâneas, com foco especial nos dispositivos presos na cintura, de forma que a explosão fosse direcionada diretamente ao corpo”, relatou a fonte.
Enquanto o site noticioso americano, Axios, recebeu informações de fontes dos EUA e de Israel as quais informaram que o Mossad havia de fato manipulado os dispositivos para explodir vários meses atrás. A Mossad planejava explodir os pagers no caso de uma guerra total contra o Hezbollah, mas decidiu detoná-los mais cedo, caso as cargas explosivas fossem descobertas, disse uma autoridade americana à Axios.
A intensidade dos eventos fez com que o governo libanês solicitasse à população que descartasse qualquer dispositivo de comunicação semelhante. O canal israelense Channel 12 noticiou na noite de ontem que o Gabinete de Segurança autoriza Netanyahu e Galant a tomar medidas defensivas e ofensivas contra o Hezbollah, o que levará a uma guerra abrangente com o Líbano.
Segundo o site libanês The Cradle informou, as explosões ocorreram no momento em que Tel Aviv realoca as tropas de Gaza para a frente norte de Israel, o que algumas autoridades libanesas acreditam tratar-se como uma operação “iminente” no Líbano.
“A missão é clara: estamos determinados a mudar a realidade da segurança o mais rápido possível. O comprometimento dos comandantes e das tropas aqui é completo, com prontidão máxima para qualquer tarefa que seja necessária”, disse o chefe do Comando Norte do exército israelense, Major General Ori Gordin, na terça-feira.
Pelas informações até agora, fica claro que Israel realizou um ataque terrorista em massa tendo como alvo a população libanesa indiscriminadamente. Os objetivos parecem ser dois ou um desses:
- 1- Provocar um ataque em larga escala do Hezbollah a Israel e assim arrastar os EUA para uma guerra direta amplificando o conflito na região.
- 2- Enfraquecer as redes de comunicações do Hezbollah temporariamente favorecendo Israel militarmente para uma invasão ao sul do Líbano ou retomar a região norte de Israel, que durante esse quase um ano de conflito, teve um êxodo de cerca de 100 mil habitantes, além das bases israelenses na região terem sido destruídas. O que na prática, retornou as fronteiras do norte de Israel próximas às de antes de 1967, quando houve a tomada das Colinas do Golã.