Ontem (19/08), o presidente russo Vladmir Putin assinou um decreto ao qual a Rússia se compromete a fornecer assistência a qualquer estrangeiro que queira escapar dos ideais neoliberais defendidos em seus países e se mudar para a Rússia.
Segundo o documento, os estrangeiros terão o direito de solicitar residência temporária na Rússia além da cota anual aprovada pelo governo russo e sem a necessidade de fornecer documentos que confirmem seu conhecimento da língua russa, da história russa e de suas leis básicas.
Os pedidos podem ser baseados na rejeição das políticas de seus países “destinadas a impor ideais neoliberais destrutivos às pessoas, que vão contra os valores espirituais e morais tradicionais russos”.
Os valores são os listados nas fundações da política estatal da Rússia e o governo russo irá compilar uma lista de países que impõem atitudes prejudiciais aos seus cidadãos. O Ministério das Relações Exteriores foi instruído a começar a emitir vistos de três meses aos requerentes a partir de setembro.
Em fevereiro, Putin apoiou a ideia da estudante italiana Irene Cecchini de que a Rússia deveria facilitar as regras de entrada para aqueles que compartilham valores culturais e familiares tradicionais e concordou que cada caso requer uma abordagem individual.
O que os russos criticam são principalmente os MÉTODOS da política identitária e sua perfeita sinergia com a política alt-right/bolsonarista, ambas têm os mesmos métodos, cancelamentos (pena sem julgamento de ostracismo social), revisionismo histórico e censuras da fala, de autores, de obras e aos indivíduos. Enquanto uma quer criar um passado utópico ao qual as pessoas desejem retornar, a outra pretende criar um futuro utópico que nunca existirá, porque não se constrói no presente este futuro, ambas só atuam no mundo simbólico e não material.
É o que alguns chamam de guerra cultural. A crítica à imposição da política identitária, Guerra-Híbrida, Revoluções Coloridas e sanções econômicas constou na declaração de 54 pontos assinada pelos BRICS durante o encontro dos Ministros das Relações Exteriores dos países membros. [BRICS anuncia as 54 colunas ao mundo multipolar]. A filósofa brasileira, Marilena Chaui vai além e disseca o neoliberalismo como ideologia e não apenas um sistema econômico [Neoliberalismo não é uma política econômica, é a dilaceração da civilização humana], enquanto o filósofo italiano Andrea Zhok faz o mesmo em seu livro “Critica della Ragione Liberale”
Outro fator, é que a Rússia sofre do mesmo problema que o Brasil. É um país com um território imenso, pouco povoado e que a taxa de natalidade diminui e a população envelhece. Nos últimos anos, o governo russo tem implantado políticas de incentivo à natalidade, pagando bolsas às famílias que tiverem filhos e custeando estudos entre outros para as crianças. Também facilita e imigração de russófonos.