Masoud Pezeshkian foi eleito o novo presidente do Irã com 16.384.403 votos, anunciou o porta-voz da sede eleitoral do Irã, Mohsen Eslami, neste sábado (06/07). As eleições iranianas foram antecipadas em um ano, após a morte do presidente Said Ebrahim Raisi, causada pela queda do helicóptero em que viajava em 19 de maio.
O reformista Pezeshkian enfrentou no segundo turno o conservador Saeed Jalili, nesta sexta-feira, após passarem pelo primeiro turno dentre 4 candidatos ao cargo. Quase 50% dos eleitores elegíveis compareceram às urnas no segundo turno da eleição. Pezeshkian obteve 16.384.403 votos (53,7%), enquanto Jalili garantiu 13.538.179 cédulas (44,3%). Pezeshkian ocupará o cargo por quatro anos.
Pouco depois do anúncio, Jalili admitiu a derrota para Pezeshkian, dizendo à televisão estatal iraniana: “Ele não só deve ser respeitado, mas agora devemos usar toda a nossa força e ajudá-lo a seguir em frente com força”. Pezeshkian publicou em seu twitter (Rede X) no sábado: “O difícil caminho à frente não será tranquilo, exceto com sua companhia, empatia e confiança”. “Estendo minha mão em sua direção e juro pela minha honra que não vou deixá-lo sozinho neste caminho. Não me deixe sozinho”, escreveu Pezeshkian.
مردم عزیز ایران انتخابات تمام شد و این تازه آغاز همراهی ماست. مسیر دشوار پیش رو جز با همراهی، همدلی و اعتماد شما هموار نخواهد شد دستم را به سوی شما دراز میکنم و به شرافتم سوگند میخورم که در این راه تنهایتان نخواهم گذاشت. تنهایم نگذارید.
— Masoud Pezeshkian (@drpezeshkian) July 6, 2024
A campanha durou 17 dias e houve fenômenos atípicos nessas eleições. Uma proliferação de pesquisas atribuídas a universidades ou organizações desconhecidas, levando a resultados conflitantes, o que não acontecia em eleições anteriores. Muitos desses autoproclamados analistas usavam o Google Trends como fonte.
As mídias sociais em língua parse, principalmente o twitter (X), foram inundadas com pesquisas de opinião sem fontes claras. As principais entidades de pesquisa no Irã; a ISPA, o braço de pesquisa da Iranian Student News Agency (ISNA), a Islamic Republic Broadcasting Organization (IRIB), o Ministério da Inteligência, o Ministério da Cultura e Orientação Islâmica e o Ministério do Interior conduziram pesquisas oficiais regularmente durante o período de campanha. No entanto, essa mistura de pesquisas não confiáveis e a incapacidade do público de distinguir entre as falsas e reais criou uma atmosfera de desconfiança.
Masoud Pezeskian
Pezeshkian nasceu em 1954, é médico cardiologista e atuou como ministro da Saúde de 2001 a 2005. Representa a facção reformista que busca estreitar os laços com o ocidente, reviver o acordo nuclear de 2015 e até mesmo estabelecer relações com os EUA. Reaviva a política externa anterior, a da “Interação Construtiva” do ex-presidente Hassan Rouhani, e é critica a política externa atual iraniana, a da “Olhar para o leste” com a crescente influência iraniana no Oeste da Ásia e no Norte da África. Essa mentalidade reformista defende um mercado livre, minimizando o papel do governo.
No entanto, analistas iranianos consideram que apesar das diferenças nas abordagens, alguns elementos da política externa do Irã são constantes, indiferente às administrações. Como as relações estratégicas e de longo prazo com a Rússia e a China, a política de vizinhança, que melhora os laços com os países árabes vizinhos, e a diplomacia econômica, que envolve ignorar o dólar em acordos internacionais e promover os laços com a Organização de Cooperação de Shangai, os BRICS e a União Econômica Eurasiática (UEE), também permaneceram as mesmas.
A candidatura de Pezeshkian teve o apoio de dois ex-presidentes Muhammad Khatami e Hassan Rouhani, e de alguns aiatolás em Qom, o aiatolá Asadullah Bayat Zanjani e de Ayat Ayazi, Shafiei, Yousefi e Ghazizadeh, representando os membros da assembleia de professores e estudiosos do seminário de Qom.
Dificuldades econômicas do Irã
O Irão está passando por dificuldades econômicas causando uma impopularidade ao governo principalmente numa elite e classe média mais abastada. As dificuldades econômicas do Irã se devem por uma má gestão econômica exacerbada por anos de sanções impostas pelo Ocidente, corrupção financeira e um sentimento generalizado de miséria e incompetência no Estado, que é constantemente amplificadas pelas mídias sociais e por veículos de comunicação anti-Irã em língua parse, vindas do ocidente.
Ademais, durante a presidência anterior foram realizadas reformas econômicas necessárias, mas impopulares, incluindo o aumento de impostos sobre ativos e contas bancárias, o fechamento de brechas para evasão fiscal e a perseguição legal de comerciantes e fundos que lucram com turbulências de mercado.