Em 9 de setembro, a imprensa americana noticiou que as ações da Boeing, gigante fabricante aeroespacial estadunidense, subiam por conta de um acordo trabalhista provisório com o sindicato da categoria que representa cerca de 33.000 trabalhadores.
Nesta sexta-feira (13/09), a Associação Internacional de Maquinistas e Trabalhadores Aeroespaciais (IAM), representantes dos trabalhadores do setor, anunciou o início da greve que segundo a imprensa não haveria mais e propiciou aos financistas especularem com as ações da Boeing.
A IAM comunicou hoje que 94,6% dos membros do sindicato rejeitaram a oferta da Boeing, a qual dizia se tratar de uma oferta histórica. Segundo a IAM, cerca de 96% dos membros do sindicato aprovaram a greve, que agora está ocorrendo nas fábricas da Boeing em Seattle que produzem o 737 Max.
A greve agrava ainda mais a situação combalida da Boeing. “A Boeing está em uma situação financeira difícil desde que o acidente de 5 de janeiro expôs deficiências em suas fábricas e forçou a fabricante de aviões a reduzir a produção. A empresa está sangrando dinheiro como resultado, e sua classificação de crédito está pairando um passo acima do grau especulativo, enquanto lida com uma pesada carga de dívida de US$ 45 bilhões”, observou a Bloomberg.
Se não bastasse a greve na Boeing para deixar a economia americana preocupada, há algo muito mais assustador iminente: o impacto multibilionário de uma greve dos estivadores e portuários em 1° de outubro.
A greve portuária que afetaria 43% de todas as importações dos EUA
À meia-noite de 30 de setembro expira o contrato entre a representante dos trabalhadores, The International Longshoremen’s Association (ILA), e a United States Maritime Alliance, representante da administração dos portos, terminais e linhas de navegação até o momento as negociações foram infrutíferas e a continuar, os trabalhadores entrarão em greve em 1º de outubro.
A ILA representa cerca de 25.000 trabalhadores em 13 dos principais portos da Costa Leste e da Costa do Golfo, por onde se movimentam cerca de 43% de todas as importações dos EUA. Bilhões de dólares em produtos importados entram nos EUA pelos portos da Costa Leste e da Costa do Golfo, de carros e caminhões leves a eletrônicos, alimentos, roupas, joias e produtos agrícolas, entre outros.
Varejistas e fabricantes calculam que uma paralisação prolongada causaria um prejuízo multibilionário. Jonathan Gold, vice-presidente de cadeia de suprimentos e política alfandegária da National Retail Federation (NRF), falou sobre as preocupações do setor.
“Muitos tomaram medidas para mitigar o impacto potencial trazendo produtos mais cedo e antecipando a temporada de pico de embarque ou transferindo produtos de volta para a Costa Oeste”, disse Gold.
Essa greve também atrapalharia os estoques dos varejistas para a temporada de festas, bem como os fabricantes e agricultores que dependem de matérias-primas para manter as operações em andamento.
“Para os varejistas, isso significaria que as remessas de fim de ano podem não chegar a tempo. Os fabricantes podem não receber peças, materiais e suprimentos necessários para a produção, o que levará ao fechamento das linhas de montagem. E os fazendeiros não conseguirão levar seus produtos para os mercados estrangeiros, o que pode levar à perda de vendas” e “As importações nos portos dos EUA … têm sido iguais ou superiores a 2 milhões de TEU desde abril, e espera-se que setembro veja 2,31 milhões de TEU — níveis de importação não vistos desde 2022”, continuou Gold.
Grandes portos seriam afetados, como em Savannah, Geórgia, e Houston, por onde passam toneladas de materiais para fabricantes dos EUA, como peças de automóveis, maquinário pesado, aço, madeira e outros produtos.
Christopher Netram, vice-presidente administrativo da Associação Nacional de Fabricantes (NAM), disse em entrevista ao Canal CNBC que uma paralisação de trabalho nos portos da Costa Leste e da Costa do Golfo prejudicaria a logística das empresas dos EUA e dificultaria a movimentação de mercadorias das quais milhões de americanos dependem. Além de acarretar numa elevação dos custos e do desemprego nos setores manufatureiros pelos atrasos de peças e suprimentos.
Já existe uma preocupação entre os profissionais da área que as incertezas elevem as demandas por transporte fluvial, congestionamento ferroviário e outros problemas operacionais ainda em setembro.