Em consequência das sanções e ameaças de estrangulamento das rotas comerciais pelos EUA assim que se iniciou a guerra na Ucrânia. Pequim entendeu o risco de permanecer dependente da importação de alimentos para garantir a segurança alimentar da população chinesa.
Em 2022 no 20º Comitê Central do Partido Comunista da China, Pequim anunciou seu novo plano de metas para os próximos anos, entre estas, destacou como prioridade o desenvolvimento rural e a revitalização de sua produção agrícola, através de vultosos investimentos para melhorar a infraestrutura no campo, novas pesquisas e elevação do padrão de vida nas áreas rurais e dos agricultores.
Desde então, Pequim tem acelerado seu projeto. Esta semana (23/02), o Governo chinês publicou o Documento Central n. 1º de 2015, apesar de este ser o 13º documento para orientar a política agrícola e os agricultores.
O documento intitulado “Opiniões do Comitê Central do PCC e do Conselho de Estado sobre o Aprofundamento da Reforma Rural e a Promoção Sólida da Revitalização Abrangente das Áreas Rurais” propõe reformar e usar a inovação científica e tecnológica como força motriz para consolidar e melhorar o sistema básico de gestão rural, estudar profundamente e aplicar a experiência do “Projeto Dez Milhões“, para garantir a segurança alimentar nacional, garantir que a pobreza em larga escala não ocorra, melhorar o nível de desenvolvimento industrial rural, construção rural e governança rural, e fazer todo o possível para promover a eficiência agrícola, a vitalidade rural e a renda dos agricultores, e fornecer suporte básico para promover a modernização no estilo chinês.
- Projeto Dez Milhões são diversos políticas em áreas diferentes, que fazem parte da iniciativa chinesa que visa promover o desenvolvimento econômico, social e tecnológico em escala massiva, envolvendo altos investimentos em infraestrutura, inovação e capacitação de recursos humanos, combinando planejamento estatal, investimentos maciços e foco em áreas estratégicas alinhados a metas de de longo prazo do Partido Comunista da China.
De início, o documento alerta que o ambiente internacional se tornou complexo e severo trazendo muitas incertezas e imprevisibilidade para o desenvolvimento da China e que o país deve consolidar sua agricultura para lidar com esses riscos e desafios. Entretanto, a maior parte das políticas de desenvolvimento agrícola elencadas são inconcebível e nem sequer cogitado no Brasil.
O foco das políticas chinesas é a necessidade de enriquecer a população rural e as famílias no campo, através da criação de mecanismo que impeça a população rural de voltar a cair na pobreza, mecanismos de identificação da população rural de baixa renda e assistência social para fornecer uma rede de segurança, apoiar a revitalização e o desenvolvimento de áreas subdesenvolvidas. Fortalecer a educação, estabelecendo um mecanismo para que recursos culturais de alta qualidade cheguem diretamente ao nível popular, enriquecer a oferta de serviços e produtos culturais rurais, realizar atividades culturais inovadoras para o benefício das pessoas, entre outras (Documento Central n. 1º de 2015).