A votação foi considerada uma grande mudança na abordagem do país no conflito. Em Outubro, Nova Deli absteve-se de votar uma resolução da Jordânia que apelava a uma trégua humanitária, citando a sua “política de tolerância zero” sobre o que chamava de terrorismo. Contudo, terça passada, no 68º dia da agressão brutal de Israel a Gaza, a posição da Índia mudou.
“(O) desafio neste momento extraordinariamente difícil é encontrar o equilíbrio certo”, disse Ruchira Kamboj, representante permanente da Índia na ONU, ao fazer os seus comentários sobre a votação. Kamboj insistiu que o desenrolar da situação no Médio Oriente tem “muitas dimensões”. Embora tenha condenado a operação militar pelo Movimento de Resistência Palestiniana Hamas, Kamboj destacou a “enorme crise humanitária” e a “perda em grande escala de civis” como motivos de preocupação.
The United Nations General Assembly overwhelmingly voted on Tuesday in favor of a resolution demanding an immediate ceasefire in Gaza.https://t.co/sYz385RW1c pic.twitter.com/XqOpxaTmrE
— The Palestine Chronicle (@PalestineChron) December 12, 2023
O representante indiano também reiterou que a posição oficial de Nova Deli sobre o conflito de décadas é a obtenção de uma solução de dois Estados. “Portanto, saudamos o fato”, acrescentou ser positivo, “que a comunidade internacional tenha conseguido encontrar um terreno comum para enfrentar os múltiplos desafios que a região enfrenta neste momento”.
A Índia esteve entre os 153 países que votaram a favor da resolução, apresentada pelo Grupo Árabe e pela Organização de Cooperação Islâmica, que também apelava à proteção dos civis em linha com o direito internacional e à libertação dos cativos atualmente detidos pelo Hamas em Gaza. O primeiro-ministro indiano de extrema direita, Narendra Modi, foi um dos primeiros líderes mundiais a condenar a operação militar do Hamas.
Nas semanas seguintes, no entanto, Modi andou no meio fio diplomática sobre a questão: denunciou as violações dos direitos humanos no cerco israelense a Gaza, garantindo a ajuda contínua aos palestinianos em sofrimento, e apelou a uma resolução diplomática para o conflito.
De acordo com o Ministério da Saúde de Gaza, 18.412 palestinianos foram mortos e mais de 50.000 feridos no genocídio em curso de Israel em Gaza, iniciado em 7 de Outubro. Estimativas palestinianas e internacionais dizem que a maioria dos mortos e feridos são mulheres e crianças.